Quanto mais precoce o consumo de uma droga de abuso, mais o indivíduo se torna vulnerável à dependência. Foi o que mostrou um estudo com camundongos conduzido no Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP).
Ao administrar doses de álcool em animais adolescentes e adultos, os pesquisadores constataram que os mais jovens apresentaram uma compulsão maior ao consumo após um período de abstinência.
Segundo os pesquisadores, o resultado também pode valer para outros tipos de drogas de abuso, que englobam desde anfetaminas até entorpecentes pesados como cocaína e heroína, passando pelo cigarro e pelo álcool.
"Drogas de abuso são aquelas que induzem à fissura pelo seu consumo seja pelo prazer proporcionado, seja pelos efeitos desagradáveis que a interrupção de seu uso provoca", disse a coordenadora da pesquisa, Rosana Camarini, professora do ICB-USP, à Agência FAPESP.
O trabalho, apoiado pela FAPESP por meio da modalidade Auxílio à Pesquisa - Regular, terá seus resultados apresentados na 25ª Reunião da Federação de Sociedades de Biologia Experimental (FeSBE), que começou na quarta-feira (25/8) e vai até sábado em Águas de Lindoia (SP).
Rosana analisou quatro grupos de camundongos: adolescentes que recebiam doses de álcool e adolescentes tratados com solução salina e adultos divididos nessas mesmas categorias (com e sem a administração de álcool).
Entre as diferenças observadas está que os adolescentes que receberam álcool apresentaram tolerância à droga, enquanto que os camundongos mais velhos sob o mesmo tratamento responderam com uma sensibilização ao álcool.
Rosana conta que ambos são fenômenos neuroadaptativos provocados pelo uso contínuo da droga. A sensibilização é um aumento do efeito que a droga apresenta ao longo de um período de consumo.
Já a tolerância, observada nos animais adolescentes, significa a redução desses efeitos. Nesse caso, o indivíduo precisará de doses maiores do produto para conseguir obter as mesmas sensações proporcionadas pelas doses iniciais.
Em uma outra etapa, os pesquisadores separaram os camundongos adolescentes e adultos que haviam recebido álcool. Colocados individualmente em uma gaiola, cada um poderia escolher entre dois recipientes, um com água e outro com álcool. O frasco com etanol continha doses que eram aumentadas gradualmente, de 2% a 10%.
"Nessa etapa, não detectamos diferenças entre os dois grupos. Porém, após a dose de 10%, resolvemos retirar o álcool para estabelecer um período de abstinência", disse a professora da USP, explicando que se trata de um teste para verificar se o animal se tornou ou não dependente da droga.
Ao serem novamente expostos ao álcool, os animais mais jovens começaram a beber gradativamente mais, enquanto que os adultos mantiveram o consumo que apresentavam antes da abstinência.
Já os animais controle, tratados previamente com solução salina, não apresentaram um aumento no consumo ao serem expostos ao álcool em ocasiões diferentes. E isso se verificou tanto nos indivíduos jovens como nos adultos.
Rosana ressalta que nessa etapa da pesquisa os animais tratados com álcool na adolescência já estavam adultos, considerando que a adolescência dos camundongos dura apenas 15 dias.
Alterações neuroquímicas
"O que podemos concluir dessa experiência é que o contato prévio do adolescente com o etanol acaba induzindo alguma modificação que faz com que, quando adultos, eles fiquem muito mais vulneráveis ao consumo", disse a pesquisadora.
Isso ocorre porque a droga provoca alterações neuroquímicas que interferem no processo de formação do cérebro do adolescente.
Um bom exemplo é que os adolescentes apresentam uma liberação bem maior de glutamato quando expostos ao álcool, se comparados aos adultos. Esse aminoácido tem efeito excitatório sobre o sistema nervoso central.
"O consumo de álcool aumenta o número de receptores para o glutamato e, quando se retira a droga, permanecem inúmeros receptores ávidos por esse aminoácido que não está mais lá", disse. Convulsões associadas à abstinência, por exemplo, estão relacionadas ao glutamato.
Por essa razão, Rosana estima que indivíduos com experiência precoce com drogas tenham maior probabilidade de apresentar síndromes de abstinência mais severas.
Outro efeito do álcool sobre organismos jovens seria a redução da proteína Creb, responsável pela transcrição de determinados genes. Vários estudos feitos com animais aplodeficientes de Creb mostraram que isso provocava um consumo maior de álcool.
A redução desse mesmo neurotransmissor também é observada em indivíduos que consumiram álcool durante a adolescência.
"Parece que todas essas alterações neuroquímicas observadas nos adolescentes estão relacionadas ao fato de eles quererem consumir mais álcool", disse. As drogas interferem no processo de remodulação do sistema nervoso central que ocorre durante a adolescência.
Essas transformações neuroquímicas explicam alguns comportamentos típicos dessa fase da vida, como a propensão a correr mais riscos e a procura por experiências que causem euforia.
Rosana cita como exemplo a presença maior de dopamina na região do córtex pré-frontal do cérebro adolescente. Trata-se de uma área relacionada a analisar riscos e tomar decisões e que, além de não estar totalmente formada na adolescência, recebe dopamina em doses maiores que a de um adulto. "A presença das drogas de abuso interfere nesse processo natural que já é bem complicado", pontuou.
Os efeitos observados levaram os autores do estudo a reforçar a importância de aplicações de políticas públicas para proteger o adolescente. Como exemplo, a professora do ICB-USP cita a lei que proíbe a venda de bebidas alcoólicas para menores de idade.
"Leis como essa se justificam, pois o contato precoce com a droga pode resultar posteriormente em uma vulnerabilidade maior à dependência quando a pessoa é exposta novamente à droga, em comparação àqueles que não tiveram essa experiência prévia", afirmou.
Fonte: http://www.oreporter.com/detalhes.php?id=25464, Por Fábio Reynol
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
domingo, 12 de dezembro de 2010
Miriam Marroni denuncia violação dos Direitos Humanos em presídio local e recebe Maria do Rosário em audiência pública
Proposta pela vereadora e Deputada Estadual eleita, Miriam Marroni (PT), a audiência pública em comemoração ao aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, na tarde da última sexta-feira (10), teve formato inovador - como um programa televisivo de auditório - e lotou o Plenário da Câmara de Vereadores de Pelotas. Para Miriam, a inovação mostra que o tema dos Direitos Humanos pode - e deve - ser tratado com maior proximidade, menos formalidades, que normalmente há entre uma mesa composta de autoridades e o público. "Essa sala de visitas tem a intenção de nos aproximar. Além de mostrar que os Direitos Humanos são um assunto a ser tratado com naturalidade no nosso cotidiano", explicou Miriam. Para a vereadora, assim a indignação à violação dos direitos humanos será inserida na cultura geral, com o objetivo de reduzir as desigualdades sociais, discriminação e preconceito.
Saúde, educação, crack e presídios foram alguns dos temas abordados. O destaque e a principal pauta levantada foi a luta pela educação de turno integral. Muitos representantes de órgãos e entidades puderam fazer suas manifestações referentes ao tema. Na sala de visitas, tiveram uma conversa franca com Miriam e o público presente.
A deputada federeal e futura ministra da Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário, se atrasou devido a agendas anteriores na Capital. Quem ficou para recebê-la, não se arrependeu. Por cerca de meia hora, ela falou da felicidade de estar em Pelotas, junto de Miriam e do colega Fernando Marroni (PT), que, segundo ela, representa a cidade e a região com tanto amor na Câmara dos Deputados. "Estou muito emocionada e feliz. Esta é minha primeira participação pública depois do anúncio que assumirei como ministra. Também parabenizo minha amiga Miriam pelo seu trabalho de que me orgulho tanto e pelo Marroni ter conseguido a vaga tão merecida. Por tudo isso, já fica aqui firmada a nossa parceria".
Após falar sobre as políticas públicas implantadas pelo Lula na área dos Direitos Humanos, dos desafios e da missão confiada pela presidente eleita, Dilma Rousseff, Maria se despediu com um voto de confiança. "Preciso de cada um de vocês em cada momento deste novo trabalho". Miriam finalizou agradecendo e presenteando-a com um dos principais símbolos da cidade. "Para um doce coração, doces de Pelotas".
Denúncia de violação dos Direitos Humanos: momento de indignação
Durante a audiência que durou mais de quatro horas, um momento indignou o público. A integrante do grupo Mães contra o Crack, Gracinda Feijó, contou que durante a operação "pente fino", realizada ontem (9) no presídio regional de Pelotas, cerca de 20 mulheres - entre elas a sua filha - foram revistadas e tiveram de ficar nuas em frente de aproximadamente cem homens, entre policiais militares e agentes penitenciários. "Cinco policiais mulheres fizeram a revista, mas as detentas tiveram de ficar nuas em frente a uma centena de homens. Isso é muito humilhante. Milha filha errou e está no semi-aberto pagando pelo seu erro. Não é humano ter de ainda passar por um constrangimento desses". Ela ressaltou que a filha, depois de contar o ocorrido, chorou a manhã inteira. A vereadora Miriam informou que na próxima segunda-feira, fará uma denúncia oficial para que se abra uma sindicância para investigar o caso e para que as devidas providências sejam tomadas. O depoimento de outras duas mães, integrantes do movimento, emocionou as pessoas que prestigiavam o debate.
Saúde, educação, crack e presídios foram alguns dos temas abordados. O destaque e a principal pauta levantada foi a luta pela educação de turno integral. Muitos representantes de órgãos e entidades puderam fazer suas manifestações referentes ao tema. Na sala de visitas, tiveram uma conversa franca com Miriam e o público presente.
A deputada federeal e futura ministra da Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário, se atrasou devido a agendas anteriores na Capital. Quem ficou para recebê-la, não se arrependeu. Por cerca de meia hora, ela falou da felicidade de estar em Pelotas, junto de Miriam e do colega Fernando Marroni (PT), que, segundo ela, representa a cidade e a região com tanto amor na Câmara dos Deputados. "Estou muito emocionada e feliz. Esta é minha primeira participação pública depois do anúncio que assumirei como ministra. Também parabenizo minha amiga Miriam pelo seu trabalho de que me orgulho tanto e pelo Marroni ter conseguido a vaga tão merecida. Por tudo isso, já fica aqui firmada a nossa parceria".
Após falar sobre as políticas públicas implantadas pelo Lula na área dos Direitos Humanos, dos desafios e da missão confiada pela presidente eleita, Dilma Rousseff, Maria se despediu com um voto de confiança. "Preciso de cada um de vocês em cada momento deste novo trabalho". Miriam finalizou agradecendo e presenteando-a com um dos principais símbolos da cidade. "Para um doce coração, doces de Pelotas".
Denúncia de violação dos Direitos Humanos: momento de indignação
Durante a audiência que durou mais de quatro horas, um momento indignou o público. A integrante do grupo Mães contra o Crack, Gracinda Feijó, contou que durante a operação "pente fino", realizada ontem (9) no presídio regional de Pelotas, cerca de 20 mulheres - entre elas a sua filha - foram revistadas e tiveram de ficar nuas em frente de aproximadamente cem homens, entre policiais militares e agentes penitenciários. "Cinco policiais mulheres fizeram a revista, mas as detentas tiveram de ficar nuas em frente a uma centena de homens. Isso é muito humilhante. Milha filha errou e está no semi-aberto pagando pelo seu erro. Não é humano ter de ainda passar por um constrangimento desses". Ela ressaltou que a filha, depois de contar o ocorrido, chorou a manhã inteira. A vereadora Miriam informou que na próxima segunda-feira, fará uma denúncia oficial para que se abra uma sindicância para investigar o caso e para que as devidas providências sejam tomadas. O depoimento de outras duas mães, integrantes do movimento, emocionou as pessoas que prestigiavam o debate.
Santa Casa deverá abrir 20 leitos para dependentes químicos
A ideia é antiga. Porém, mesmo após 13 anos a temática segue atual e cada vez mais alarmante. A epidemia do crack se expandiu rapidamente em todo o país e para combater sua disseminação a Santa Casa de Pelotas reativou um projeto que prevê a instalação de aproximadamente 20 leitos para tratamento de dependentes químicos.
De acordo com o advogado e procurador da Santa Casa de Misericórdia de Pelotas, Celso Haical, a ideia surgiu em 1997. No entanto, algumas dificuldades como a falta de espaço e as despesas financeiras acabaram por invalidar o projeto.
Mediante uma parceria com o deputado federal Fernando Marroni (PT) foi disponibilizada verba para que o hospital promova uma clínica para atendimento psiquiátrico na área de dependentes químicos. Porém, Haical explica que um dos contrapontos é que a Santa Casa não possui experiência na área psiquiátrica.
Assim que o projeto for concluído, será avaliado pelas universidades federais do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, pela Associação de Juízes e pelo Ministério Público. O advogado ressalta que hoje prevenir e tratar os pacientes que utilizam o crack é uma questão de saúde pública.
Segundo o advogado e procurador da Santa Casa, o desejo de concretizar esta ideia é muito grande e só não será realizado, se for inviabilizado pelos órgãos públicos.
Fonte: Diário Popular
http://www.diariopopular.com.br/site/content/noticias/detalhe.php?id=6¬icia=30920
Mais leitos: Santa Casa pode ter ala para drogados
Sancler Ebert, Zero Hora
A epidemia do crack chamou a atenção da Santa Casa de Pelotas que reativou seu antigo projeto para instalação de uma clínica de atendimento para dependentes químicos. De acordo com médico Celso Haical, que está envolvido no projeto, a ideia ainda é embrionária. O plano é usar um dos andares da estrutura atual, com 600 metros quadrados, onde ficava a morada das freiras e que está fechado, para construção da ala especializada para atendimento de dependentes.
Como nunca trabalharam com a área, os gestores da Santa Casa procuraram o Instituto Crack Nem Pensar do Grupo RBS para receber um apoio técnico para transformar a ideia em realidade. O projeto receberia emendas do deputado federal Fernando Marroni (PT). Pelotense, o político foi um dos incentivadores para a construção da ala. Entre as questões ainda em estudo pela instituição estão a manutenção da ala e o custo para a adequação da estrutura atual.
A Santa Casa de Pelotas já tinha intenção de montar uma ala para dependência química desde 1997. No entanto, o projeto nunca foi levado adiante. O apoio governamental para projetos da área também foi levado em conta pela instituição.
Fonte: ClicRBS Pelotas
http://wp.clicrbs.com.br/pelotas/tag/drogas
A epidemia do crack chamou a atenção da Santa Casa de Pelotas que reativou seu antigo projeto para instalação de uma clínica de atendimento para dependentes químicos. De acordo com médico Celso Haical, que está envolvido no projeto, a ideia ainda é embrionária. O plano é usar um dos andares da estrutura atual, com 600 metros quadrados, onde ficava a morada das freiras e que está fechado, para construção da ala especializada para atendimento de dependentes.
Como nunca trabalharam com a área, os gestores da Santa Casa procuraram o Instituto Crack Nem Pensar do Grupo RBS para receber um apoio técnico para transformar a ideia em realidade. O projeto receberia emendas do deputado federal Fernando Marroni (PT). Pelotense, o político foi um dos incentivadores para a construção da ala. Entre as questões ainda em estudo pela instituição estão a manutenção da ala e o custo para a adequação da estrutura atual.
A Santa Casa de Pelotas já tinha intenção de montar uma ala para dependência química desde 1997. No entanto, o projeto nunca foi levado adiante. O apoio governamental para projetos da área também foi levado em conta pela instituição.
Fonte: ClicRBS Pelotas
http://wp.clicrbs.com.br/pelotas/tag/drogas
Mobilização Mães contra o Crack chama a atenção da comunidade no Calçadão
A mobilização realizada pelo grupo Mães contra o Crack, na manhã de sábado (4), no Calçadão de Pelotas, foi um pedido de socorro e um grito de alerta à população que passava pelo Centro para a epidemia que se transformou o consumo da pedra. Com distribuição de panfletos, depoimentos e apresntações artísticas do grupo Renovação, que atende cerca de 50 crianças e jovens do Pestano e Getúlio Vargas, o movimento ganhou visibilidade e apoio da comunidade que pode conhecer a luta diária das quase cem integrantes do Mães contra o Crack.
Segundo a criadora e coordenadora do movimento, a vereadora e deputada estadual eleita, Miriam Marroni (PT), a intenção é mostrar a inconformidade dos quase cem integrantes e de que o grupo está cada vez mais unido para continuar pressionando o poder público pela implantação de políticas públicas de tratamento adequado aos viciados. "Alcançamos nosso objetivo de mostrar para a sociedade a nossa luta, que não se restringe apenas às famílias diretamente atingidas por esse desafio destruidor, pois a próxima vítima pode ser você, visto que qualquer cidadão está sujeito aos crimes e contravenções de usuários de drogas. Miriam destaca que, sem tratamento adequado, só restam dois caminhos para os dependentes: o presídio ou o cemitério.
Além da manifestação da vereadora Miriam, mães e, até mesmo, ex-dependentes tiveram a oportunidade de fazer o uso da palavra e contar um pouco da sua história, emocionando aos integrantes do grupo e também a quem passava. O grupo Renovação também atraiu olhares curiosos e de admiração com uma rápida esquete de representação da entrada dos jovens no mundo das drogas fantasiados de caveira, mostrando que o crack nada mais é que a representação da morte, fantasiados de caveiras. Em seguida, foi a vez do grupo artístico acabar com o clima de tristeza e angústia, trazendo alegria, motivação e superação com a apresentação de coreografias em ritmos contagiantes.
O principal objetivo do grupo é a reivindicação de tratamento especializado para os usuários, por meio de leitos em hospital geral, plantão psiquiátrico, requalificação do Caps e implantação do Caps3 (24 horas), comunidade terapêutica conveniada com o SUS e vagas em cursos profissionalizantes. E essa luta continuará e se expandirá para fora do município, durante o mandato de deputada estadual, que a vereadora Miriam Marroni assumirá no final de janeiro.
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