terça-feira, 26 de outubro de 2010

Exemplos de quem superou o vício

No último domingo, a Zero Hora publicou reportagem sobre a distância do vício, intitulada: um salto sobre o crack. Nela é mostrado a história de quatro dependentes químicos que já estiveram nas páginas do jornal. Procurados novamente, esses jovens contam como batalham todos os dias para se manter em abstinência. Família, trabalho, religião e disciplina fortalecem o período longe da droga e permite reaver a esperança perdida.

Campeão de hipismo: o cavaleiro gaúcho Rodrigo Garcia Bass, 31 anos, campeão vitorioso em competições de hipismo, era habituado a superar obstáculos até encontrar diante de si uma pedra de crack. Durante dois anos, sua carreira e seu patrimônio definharam devido à dependência química. Agora ele se apronta para dar uma demonstração pública de que a droga não é uma barreira intransponível. Afastado da pedra, no próximo domingo, o cavaleiro comapeão vai voltar a competir. O caso dele é emblemático porque ele se firmou como uma das principais estrelas do hipismo gaúcho ao se sagar uma vez campeão nacional, outra vice-campeão e conquistar três títulos regionais.

Estacionamento: empregado há um mês em um estacionamento no Centro da Capital, Rodrigo de Souza Barros, 34 anos, comemora uma atribuição corriqueira da nova rotina como se fosse um prêmio. Ele deu alta há seis meses. Ele é ex-garçom, não poderia voltar a trabalhar com isso por ficar perto da bebida. Desde os 15 anos consumia álcool, maconha e cocaína... até se afundar no crack. Até setembro do ano passado estagiou na Pastroral de Auxílio ao Toxicômano, administradora da fazenda onde ele se trataou. A família toda precisa ser tratada e continua frequentando os encontros (o filho, pais e irmãos).

A RECUPERAÇÃO (DICAS!!!)
Tratamento costumam passar por três estágios

DESINTOXICAÇÃO: é a fase incial do processo de recuperação! Conforme a gravidade do caso, pode exigir a internação do usuário para para suportar as primeiras semanas de abstinência. Se houver necessidade, podem ser ministrados medicamentos como antipsicóticos, moduladores de humor, ansiolíticos ou antidepressivos. Duração: pode se estender de dias até alguns meses.

TRATAMENTO INTENSIVO: mesmo após a internação, o paciente permanece sob cuidado frequente, mais de uma vez por semana. O atendimento deve ser multidisciplinar, envolvendo psicoterapia, participação em grupos de apoio, terapia familiar, oficinas ou retorno ao trabalho, preferencialmente com apoio de amigos e familiares. Deve-se manter, ainda, monitoramento médico. Duração: geralmente, se não há recaídas, de seis meses a um ano

TRATAMENTO DE LONGO PRAZO: dependerá dos sintomas. Se não houver recaídas, pode-se reduzir a frequencia de atendimentos - mas recomenda-se manter a psicoterapia ou grupos e consultas com um médico periodicamente. O dependente deve manter uma rotina saudável e vínculos sociais. Duração: vários anos.

Tráfico de drogas é um dos principais motivos de insegurança da comunidade

Sete em cada dez ocorrências têm relação direta com o tráfico de drogas

Na série Insegurança, do Jornal Diário Popular - publicada na última semana - o terceiro capítulo mostrou que a epidemia do crack, a violência e o tráfico são apontados como ums dos principais fatores da insegurança da população pelotense. A pesquisa do IPO mostrou que 21% dos entrevistados apontou o tráfico como o crime que mais assusta, enquanto que em 2003, apenas 0,5% se disse preocupado com ações vinculadas ao comércio de drogas. A situação põe autoridades em alerta.
O crescente número de usuários está diretamente ligado ao aumento das ocorrências registradas nas delegacias. No total, foram 324 em toda a cidade, desde o início do ano até o final de setembro, sendo 140 prisões. Para o comandante do 4ºBPM, tenente-coronel Elizeu Vedana, se levado em conta os roubos cometidos por viciados podemos dizer que não existe um dia sem prisões por drogas. "A cada dez ocorrências da Brigada Militar, com certeza, sete tratam disso!", destacou à reportagem do Diário Popular. O Navegantes lidera as ocorrências, sendo 48 com relação direta ou indireta ao tráfico de drogas, desse total, 27 resultaram em prisões.

Comercialização do crack até mesmo pela internet

Confira também as dicas de prevenção e cuidados dadas por um psiquiatra aos pais

A presidente da Comissão de Direitos Humanos, Miriam Marroni, comenta a reportagem espcial da Zero Hora de 17 de outubro, que mostrou mais uma triste e preocupante realidade: o tráfico online. A droga agora também já está sendo comercializada pela internet, sendo pedida via e-mail e é entregue pronta-entrega pelos Correios.
Em comunidades de redes sociais, fóruns de discussão e até mesmo sites oficiais registrados em outros países, cada vez se populariza mais a venda ilegal de drogas na internet, disparando o alerta das autoridades que procuram alternativas para frear o tráfico online. "Um verdadeiro absurdo. Usuários e traficantes usam códigos para negociar por Orkut ou MSN". Eles assediam possíveis clientes e prometem entregas em prazos até um dia, usando serviços dos Correios, como o Sedex.

A NEGOCIAÇÃO
Além de ilegal, a compra de drogas via internet é um negócio arriscado, principalmente por dois motivos: o usuário nã otem nenhuma garantia de que a engrega será feita. Mesmo que o traficante realmente faça o envio, existe a chance de que o pactoe seja interceptado pelas autoridades, que têm reforçado o monitoramento a esse tipo de crime.
A proliferação da venda de drogas por computador desafia as autoridades a encontrar maneiras eficazes de criar barreiras ao envio de encomendas ilegais escondidas em pacotes aparentemente comuns.

O QUE OS PAIS DEVEM SABER (DICAS!!!)
Pais de adolescentes e jovens que costuma passar muito tempo na internet, devem prestar atenção aos filhos para evitar o mau uso do computador. De acordo com o psiquiatra e psicanalista, Sérgio de Paula Ramos, coordenador da unidade de dependência químia do Hospital Mães de Deus - em entrevista à Zero Hora - PAIS PRESENTE REDUZEM EM ATÉ 12 VEZES O RISCO DE DROGADIÇÃO NA FAMÍLIA. Confira algumas dicas dada pelo especialista:
- PROXIMIDADE PATERNA: um fator fundamental de prevenção ao uso de drogas juvenil é a proximidade da figura paterna - que, na ausência do pai real, pode ser exercida por outro adulto. Estudos indicam melhor resultado quando se trata de um homem.
- ATENÇÃO AO USO DO COMPUTADOR: sempre que um jovem dedicar mais tempo e atenção à internet do que a sua vida real, os pais devem entrar em alerta e procurar saber o que há de errado.
- EVITAR POSTURA POLICIALESCA - não adianta estabelecer um excesso de restrições e proibições ao uso do computador. O diálogo deve ser sempre buscado.
- CUIDADO PROLONGADO: alguns pais, quando os filhos chegam à juventude, tendem a repetir para si mesmos que els "já sabem se cuidar" e diminuem o monitoramento. É UM ERRO!!! "Os adolescentes ainda não têm o cérebro plenamente desenvolvido para se cuidarem sozinhos. Embora deselegante, é um imperativo de saúde dizer que muitos pais estão mais preocupados com seus umbigos do que com os seus filhos. No Brasil, tratamos mal os nossos jovens" - afirma Sérgio de Paula Ramos.

Município tem até 6 de novembro para solicitar recursos para o tratamento de usuários de crack

Até o próximo dia 6 de novembro, os municípios brasileiros podem enviar projetos para acessar os mais de R$ 140,9 milhões do Governo Federal do Plano de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas. A verba será destinada a 2,5 mil leitos para tratamento em hospitais gerais; 2,5 mil leitos em comunidades terapêuticas; 520 vagas nas Casas de Acolhimento Transitório; 600 vagas nos Centros de Atenção Psicossocial para Álcool e Drogas (CapsAD) de funcionamento 24 horas; contratação de profissionais da área de saúde mental para reforçar as equipes dos Núcleos de Atendimento do Saúde da Família (Nasf) em 225 cidades; além da capacitação de profissionais e equipes das redes públicas de saúde e de assistência social em prevenção, tratamento e reinserção social de usuários de crack e outras drogas.

As CATs serão ambientes de proteção social e de cuidado integral em saúde para usuários de crack e outras drogas em situação de vulnerabilidade e risco. Trata-se de um abrigamento temporário em espaço de saúde, no contexto de um projeto terapêutico individualizado desenvolvido em Centros de Atenção básica e com dispositivos intersetoriais (saúde, assistência social, direitos humanos, justiça, educação e outros).
As casas terão estratégia de tratamento e reinserção socila do usuário por meio de um conjunto de atividades de caráter ocupacional ou lúdico (esportes, danças, música, entre outros) e qualificação profissional (através de parcerias com instituições como Sebrae, Senac, IF-Sul), por meio de parceria com outras instituições, contrapartidas e outros instrumentos essenciais para o seu funcionamento.

Conheça as três modalidades:
- CAT1: até 10 leitos, até 40 dias de internação, população mínima de 100 mil habitantes. Recursos de R$ 120 mil para implantação (parcela única) e R$ 18 mil mensal.
- CAT2: até 20 leitos, até 40 dias de internação, população mínima de 250 mil habitantes. Recurso de R$ 180 mil para implantação e R$ 24 mil mensal.
- CAT3: até 12 leitos para crianças e adolescentes, até 90 dias de internação. Voltado para uma população bastante específica, sendo que as demandas de intersetorialidade aponta para uma rede mínima municipal diferente, que apresente Centro de Referência Assistencial (CRAS), Centro de Referência Especializado em Assistência Social (CREAS), CAPSi ou CAPSAD que desenvolvem ações com crianças e adolescentes. Recurso de R$ 180 mil e R$ 24 mil mensal.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Palestra marca um ano do movimento Mães contra o Crack

 
Hoje (20) o Grupo Mães contra o Crack completa um ano de fundação. Para marcar a passagem desse primeiro ano de árduo trabalho e lutas, cerca de 30 pessoas, entre jovens e familiares - residentes na vila Ambrósio Perret, se reuniram na tarde da última segunda-feira para participarem da palestra ministrada pela coordenadora do movimento, a vereadora e deputada estadual eleita, Miriam Marroni (PT). Na ocasião, com conhecimentos da sua formação de psicóloga, Miriam prendeu a atenção dos presentes com a explicação sobre a juventude, período marcado pela falta de noção de perigo, princípio do prazer e vontade de romper limites, três características básicas do adolescente. E que, por isso, é a fase mais propícia para a experimentação das drogas.
No encontro ainda foram abordados as lutas do grupo por tratamento adequado e, principalmente, a questão primordial que é a prevenção. Para Miriam, ela só é possível com a implantação de programas para preencher o tempo e a mente ociosos dos jovens, com atividades esportivas e culturais, para fortalecimento da autoestima. "E isso só é possível com a educação de turno integral, onde a criança e o adolescente passam manhã e tarde, almoçam, estudam, têm reforço e participa de atividades prazerosas". Miriam destacou ainda a importância a necessidade de não apenas transmitir o conteúdo didático, mas sim valores". 

sábado, 16 de outubro de 2010

Miriam Marroni apresenta balanço do primeiro ano de ações do Mães contra o Crack

 
Grupo é presenteado com cinco vagas gratuitas na Comunidade Terapêutica Shekinah
 Oito novas "Mães contra o Crack" se apresentaram na reunião do grupo, na tarde de ontem (15), no hall de entrada do Plenarinho da Casa Legislativa Municipal. O local ficou pequeno para os mais de 40 participantes, que assistiram a um vídeo de retrospectiva das ações realizadas desde a fundação do movimento - em 20 de outubro do ano passado - e ouviram atentos as propostas e reivindicações elencadas pela vereadora e deputada estadual eleita que também coordena o grupo, Miriam Marroni (PT). Os presentes puderam fazer um verdadeiro balanço das atividades realizadas neste período.
A discussão sobre a falta de atendimento apropriado para a cada vez mais crescente demanda foi interrompida brevemente por uma boa causa: o pastor Gilnei Lourenço, coordenador da Comunidade Terapêutica Shekinah, anunciou a oferta de vagas para os filhos das mães integrantes do grupo. "Estou oferecendo cinco vagas gratuitas. Mas o próprio dependente tem de querer se internar". Na próxima semana será combinado entre o gabinete da vereadora e a coordenação da comunidade os critérios para seleção dos pacientes. "Ficamos muito agradecidas pela gentileza tão necessária. E vamos continuar lutando por mais do SUS", observou Miriam.

Pastor Gilnei interrompeu brevemente para dar a boa notícia

Inúmeras participantes deram depoimento para agradecer o apoio recebido da vereadora e pela amizade feitas com as outras mães, fato que, segundo depoimento, "deu um pouco de paz a minha vida e força para conseguir vencer a batalha". As novas integrantes também tiveram a oportunidade de contar suas histórias, sendo ouvidas com atenção, aplaudidas e bem recebidas pelo restante do grupo. Miriam é incansável em sua luta. "O recurso do Governo Federal existe, foi ampliado e já está disponível para a concretização das nossas demandas. Só basta o município se habilitar a recebê-lo e, para isso, é preciso elaborar projetos".
No encontro foi relatado ainda a reunião da vereadora Miriam Marroni com a Defensoria Pública, na última segunda-feira. Ela se reuniu com a defensora pública, Patrícia Alcântara, para estreitar laços com a defensoria com o objetivo de agilizar os encaminhamentos de internações compulsórias feitos pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Vereadores. Miriam foi acompanhada pela estagiária da Comissão e responsável pelo atendimento às mães e encaminhamento dos pedidos, Paula Ferreira Pereira, e também da integrante do grupo Mães contra o Crack, Sílvia Taborda. "Temos de entender que a dependência química é uma doença crônica, que tira dos usuários de crack a consciência da realidade e capacidade de decisão. A ação da droga no organismo é tão rápida e devastadora, que não dá para esperar até que os dependentes queiram se tratar. Essa espera é muito perigosa! Por isso a necessidade de agilização das internações compulsórias".

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Miriam Marroni apresenta balanço do primeiro ano de ações do grupo Mães contra o Crack

Grupo caminhou de mãos acorrentadas para chamar a atenção das autoridades

A vereadora e deputada estadual eleita, Miriam Marroni (PT), convida as integrantes do grupo Mães contra o Crack para participar de mais uma reunião, amanhã, às 14h, na Câmara de Vereadores de Pelotas (rua 15 de Novembro, 207). O evento também será aberto ao público em geral interessado em conhecer as ações e trabalho desenvolvido pelo movimento e, principalmente, a possíveis novos membros.
A reunião marcará a passagem do primeiro ano de trabalho (que será completado no próximo dia 20), com a retrospectiva e balanço das ações do grupo desde o seu início. Serão apresentados os encontros com o Ministério Público, com a Presiência da Câmara de Vereadores, com a Superintendência Regional da Caixa Federal e com a Defensoria Pública. Além da realização de inúmeras palestras de prevenção por diversas escolas estaduais e municipais de Pelotas, inclusive em várias cidades do Estado. "Vamos divulgar ainda o Plano de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas, que no mês passado lançou editais e portarias para os municípios acessarem mais de R$ 140 milhões para a criação de leitos em hospitais gerais, leitos em comunidades terapêuticas, vagas nas Casas de Acolhimento Provisório e nos Centros de Atenção Psicossocial para Álcool e Drogas (CAPsAD) de funcionamento 24 horas. O recurso do Governo Federal foi ampliado e já está disponível, só basta o município se habilitar a recebê-lo e, para isso, é preciso elaborar projetos".
Na última segunda-feira, véspera de feriado e ponto facultativo na Casa do Povo, a vereadora se reuniu com a defensora pública, Patrícia Alcântara, para estreitar laços com a defensoria com o objetivo de agilizar os encaminhamentos de internações compulsórias feitos pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Vereadores. Ela esteve acompanhada da estagiária da Comissão e responsável pelo atendimento às mães e encaminhamento dos pedidos, Paula Ferreira Pereira, e também da integrante do grupo Mães contra o Crack, Sílvia Taborda. "Temos de entender que a dependência química é uma doença crônica, que tira dos usuários de crack a consciência da realidade e capacidade de decisão. A ação da droga no organismo é tão rápida e devastadora, que não dá para esperar até que os dependentes queiram se tratar. Essa espera é muito perigosa! Por isso a necessidade de agilização das internações compulsórias".

Como surgiu o grupo
A partir da angústia sentida pelo crescente números de mães que procuravam a Comissão de Direitos Humanos para pedir ajuda a seus filhos - e que desabafavam em tom de confissão pela vergonha da situação - a vereadora Miriam Marroni percebeu que precisava fazer algo para ajudá-las, na verdade, socorrê-las e a seus filhos. Frustrada com a falta de resposta das políticas públicas, organizou um grupo que iniciou com cerca de 20 mães - e que hoje já conta com quase 90 - para sair às ruas denunciar a situação, desde à proporção epidêmica tomada pela doença até a falta de atendimento apropriado, principalmente, pós-tratamento.
Dessa necessidade, nasceram as cinco principais bandeiras da luta do movimento: leitos em hospital geral, pronto-socorro psiquiátrico, convênios com comunidades terapêuticas, qualificação dos CAPs e programas de qualificação profissional e cotas de emprego para ex-dependentes químicos em tratamento e apenados no regime semi-aberto presos por pequenos delitos cometidos devido envolvimento com as drogas.
No grupo, as mães encontram ainda o apoio necessário, através da troca de experiências, para se sentirem menos sozinhas e desamparadas, percebendo que não são as únicas nessa situação. Através de diversos tipos de oficinas, as reuniões ajudam a fortalecer a autoestima daquela que é a estrutura de um lar, que dá a vida, a luz, carrega por nove meses um filho no ventre e não desiste nunca, mantendo-se persistente na sua luta constante para fazer com que seu filho vença, supere a doença. "Mesmo que para isso elas precisem pagar com o enfrentamento do preconceito de amigos e familiares que, na maioria dos casos, acabam se afastando. E não somente do usuário, mas também da pessoa que se mantém ao lado dele para ajudar, mesmo que para isso sofra discriminação e a rotulação de ter errado na criação daquele filho". Por isso, é preciso de um tratamento e acompanhamento específico para às famílias também, que acabam sofrendo ainda mais pelo sentimento de culpa carregado.
 

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Miriam Marroni busca parceria com Defensoria Pública para agilizar os encaminhamentos de internação compulsória


 A presidente da Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Segurança da Câmara de Vereadores de Pelotas e recém eleita Deputada Estadual, Miriam Marroni (PT), volta com força total a trabalhar em suas pautas, após uma semana de intensa agenda de entrevistas sobre sua expressiva votação no pleito de 2010 e suas propostas para o próximo mandato na Assembleia Legislativa. Mesmo sem atividades na Casa do Povo - devido ao feriado desta terça-feira e ponto facultativo - Miriam se reuniu, na tarde de ontem (11), com a defensora pública, Patrícia Alcântara, para pedir informações sobre o andamento dos pedidos de internação a dependentes químicos encaminhados pela Comissão.
A vereadora foi acompanhada por uma integrante do Grupo Mães contra o Crack, Sílvia Taborda, e pela estagiária da Comissão de Direitos Humanos, Paula Ferreira Pereira, responsável pelo atendimento e encaminhamento de cada soliciatação. "Estamos fazendo três a quatro novos atendimentos por semana", informou Míriam à defensora pública. "Já estamos com cerca de 90 mães cadastradas no movimento, que começou com 60", observou Paula. As mães procuram o grupo para se engajar na luta por leitos em hospital geral, pronto-socorro psiquiátrico, comunidades terapêuticas, requalificação do Caps e quotas para vagas de qualificação profissional e programas, políticas públicas de reserva de vagas no mercado de trabalho para ex-dependentes químicos em tratamento.

Paula Pereira, Sílvia Taborda, Miriam Marroni e Patrícia Alcântara
A defensora explicou que não há outra maneira, a não ser com ação ingressada na Defensoria Pública, para a internação compulsória (aquela em que o paciente não quer ser internado), que é a maioira dos casos, principalmente solicitados pelas mães. Então, a ação tramita em uma Vara de Família, onde um juíz decide pela internação, de 30 dias, para desintoxicação. "O fato é que ao passar desse período, os juízes entendem que - desintoxicados - os pacientes já têm consciência própria para se responsabilizar pelos seus atos, inclusive, vontade própria para solicitarem um pós-tratamento, também judicialmente", explicou. "Mas qualquer profissional da área médica, sabe que não é bem assim", destacou a vereadora e também psicóloga, Miriam Marroni. "Mas é muito importante para nós sabermos e podermos informar às mães que, ao término da internação, o próprio paciente tem de ser o autor da ação judicial para dar continuidade ao tratamento", avaliou.
De qualquer forma, as vagas não são suficientes e o tratamento existente na atualidade não é apropriado para dar conta da crescente demanda de usuários de crack. "Nos últimos três anos, já são predominantes as ações ingressadas na defensoria são referentes ao pedido de tratamento para dependentes, são seis ou sete novos processos a cada semana", comentou Patrícia.

CRACK, uma epidemia devastadora



Quem é pai ou mãe tem preocupações constantes, não importa a idade de seus filhos. Porém, nos últimos anos, não existe assombração maior para familiares do que o fantasma do crack – droga derivada da cocaína, adaptada para ser fumada, o que torna seu efeito rápido e devastador no organismo do consumidor. O vício acontece numa velocidade absurda; pesquisas apontam que em um mês o usuário passa de eventual a dependente. E os pesadelos começam: veloz perda da realidade, necessidade cada vez mais frequente de consumir a droga, e também ergue-se uma barreira de convivência entre o usuário e sua família, afinal ele não consegue se relacionar mais com as pessoas.
Considerada em passado recente droga das populações menos favorecidas, o perfil do usuário vem mudando a cada ano, atingindo todas as classes sociais. Segundo dados da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, entre 2006 e 2008, o número de usuários de crack com renda familiar acima de 10 000 reais aumentou 139,5%. Em algumas das mais caras clínicas particulares de tratamento de dependências químicas em São Paulo, cerca de 60% das internações são de usuários de crack.
Segundo dados da Junta Internacional de Fiscalização a Entorpecentes (Jife) — órgão ligado à Organização das Nações Unidas (ONU) — o Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking de maior consumidor mundial dessa droga e tem a principal rota de tráfico internacional de cocaína no Cone Sul.
O vício em crack tornou-se um caso de saúde pública que está beirando níveis epidêmicos e é um enorme desafio para as autoridades brasileiras. Em maio passado, o governo federal lançou um plano de tratamento e combate à droga, que é mais uma releitura do programa anunciado em junho do ano passado, que não foi implementado. A meta do governo desta vez é investir 410 milhões de reais e dobrar de 2 500 para 5 000 o número de leitos para dependentes químicos no Sistema Único de Saúde (SUS), criar abrigos e centros para apoiar usuários e capacitar professores da rede pública para lidar com os jovens dependentes.
Se o governo conseguir implantar o que promete já será um avanço. Pequeno, mas insuficiente. Cientistas vêm pesquisando formas inovadoras de tratamento, porém, não há informações de que o sistema público de saúde esteja adotando esses novos tratamentos. Embora o assunto já esteja sendo abordado na Câmara e no Senado, que aumentou para 100 milhões de reais a verba destinada ao tratamento de dependentes de crack, ainda é muito tímida a iniciativa no âmbito de políticas públicas. Deve haver incentivo para a produção de pesquisas inovadoras nos tratamentos; apoio às universidades para implementação de centros de referência; garantia de apoio multidisciplinar como psicológico e assistência social para usuários e familiares; entre outras iniciativas.
É importante se avaliar o aspecto social nos tratamentos, visto que o crack, por ser ilícito, é distribuído em um cenário de marginalidade e violência. Para conseguir saciar o vício, o usuário perde a noção do perigo e envolve-se constantemente em situações de alto risco. Segundo dados da Universidade Federal de São Paulo – Unifesp –, a mortalidade associada ao crack é de 30%, sendo que metade das vítimas morre em confrontos violentos com traficantes ou policiais, e isso deve ser levado em conta na hora de planejar o tratamento adequado para cada usuário.
O avanço da droga na infância, segundo um levantamento da Secretaria de Saúde de São Paulo, mostra que, em dois anos, dobrou o número de crianças e adolescentes em tratamento contra a dependência de crack. Há casos de crianças com 10 ou 11 anos, viciadas na droga, o que está levando a outro grave problema: mães desesperadas estão prendendo seus filhos com cadeado e corrente para afastá-los do crack.
A cura é possível, como demonstram vários relatos de ex-usuários publicados nos veículos de comunicação, mas não é fácil e pode levar anos. Ainda há o risco de recaída. Segundo grupos de ajuda como os Narcóticos anônimos, deve haver controle a vida inteira. A família tem papel fundamental na recuperação e manutenção da saúde de ex-dependentes e podem ajudar a exercer esse controle com equilíbrio.

Artigo publicado na revista Carta Capital