quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Miriam Marroni apresenta balanço do primeiro ano de ações do grupo Mães contra o Crack

Grupo caminhou de mãos acorrentadas para chamar a atenção das autoridades

A vereadora e deputada estadual eleita, Miriam Marroni (PT), convida as integrantes do grupo Mães contra o Crack para participar de mais uma reunião, amanhã, às 14h, na Câmara de Vereadores de Pelotas (rua 15 de Novembro, 207). O evento também será aberto ao público em geral interessado em conhecer as ações e trabalho desenvolvido pelo movimento e, principalmente, a possíveis novos membros.
A reunião marcará a passagem do primeiro ano de trabalho (que será completado no próximo dia 20), com a retrospectiva e balanço das ações do grupo desde o seu início. Serão apresentados os encontros com o Ministério Público, com a Presiência da Câmara de Vereadores, com a Superintendência Regional da Caixa Federal e com a Defensoria Pública. Além da realização de inúmeras palestras de prevenção por diversas escolas estaduais e municipais de Pelotas, inclusive em várias cidades do Estado. "Vamos divulgar ainda o Plano de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas, que no mês passado lançou editais e portarias para os municípios acessarem mais de R$ 140 milhões para a criação de leitos em hospitais gerais, leitos em comunidades terapêuticas, vagas nas Casas de Acolhimento Provisório e nos Centros de Atenção Psicossocial para Álcool e Drogas (CAPsAD) de funcionamento 24 horas. O recurso do Governo Federal foi ampliado e já está disponível, só basta o município se habilitar a recebê-lo e, para isso, é preciso elaborar projetos".
Na última segunda-feira, véspera de feriado e ponto facultativo na Casa do Povo, a vereadora se reuniu com a defensora pública, Patrícia Alcântara, para estreitar laços com a defensoria com o objetivo de agilizar os encaminhamentos de internações compulsórias feitos pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Vereadores. Ela esteve acompanhada da estagiária da Comissão e responsável pelo atendimento às mães e encaminhamento dos pedidos, Paula Ferreira Pereira, e também da integrante do grupo Mães contra o Crack, Sílvia Taborda. "Temos de entender que a dependência química é uma doença crônica, que tira dos usuários de crack a consciência da realidade e capacidade de decisão. A ação da droga no organismo é tão rápida e devastadora, que não dá para esperar até que os dependentes queiram se tratar. Essa espera é muito perigosa! Por isso a necessidade de agilização das internações compulsórias".

Como surgiu o grupo
A partir da angústia sentida pelo crescente números de mães que procuravam a Comissão de Direitos Humanos para pedir ajuda a seus filhos - e que desabafavam em tom de confissão pela vergonha da situação - a vereadora Miriam Marroni percebeu que precisava fazer algo para ajudá-las, na verdade, socorrê-las e a seus filhos. Frustrada com a falta de resposta das políticas públicas, organizou um grupo que iniciou com cerca de 20 mães - e que hoje já conta com quase 90 - para sair às ruas denunciar a situação, desde à proporção epidêmica tomada pela doença até a falta de atendimento apropriado, principalmente, pós-tratamento.
Dessa necessidade, nasceram as cinco principais bandeiras da luta do movimento: leitos em hospital geral, pronto-socorro psiquiátrico, convênios com comunidades terapêuticas, qualificação dos CAPs e programas de qualificação profissional e cotas de emprego para ex-dependentes químicos em tratamento e apenados no regime semi-aberto presos por pequenos delitos cometidos devido envolvimento com as drogas.
No grupo, as mães encontram ainda o apoio necessário, através da troca de experiências, para se sentirem menos sozinhas e desamparadas, percebendo que não são as únicas nessa situação. Através de diversos tipos de oficinas, as reuniões ajudam a fortalecer a autoestima daquela que é a estrutura de um lar, que dá a vida, a luz, carrega por nove meses um filho no ventre e não desiste nunca, mantendo-se persistente na sua luta constante para fazer com que seu filho vença, supere a doença. "Mesmo que para isso elas precisem pagar com o enfrentamento do preconceito de amigos e familiares que, na maioria dos casos, acabam se afastando. E não somente do usuário, mas também da pessoa que se mantém ao lado dele para ajudar, mesmo que para isso sofra discriminação e a rotulação de ter errado na criação daquele filho". Por isso, é preciso de um tratamento e acompanhamento específico para às famílias também, que acabam sofrendo ainda mais pelo sentimento de culpa carregado.
 

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