terça-feira, 5 de junho de 2012

Técnica combate abstinência de dependentes de cocaína


Cientistas brasileiros deram um passo importantíssimo na luta contra a dependência química. Veja informações sobre como participar da pesquisa.

Pesquisadores brasileiros deram um passo importantíssimo na luta contra a dependência química. Eles desenvolveram uma técnica para curar os sintomas da abstinência em quem tenta largar o vício da cocaína. Nos testes, esse novo método teve resultados surpreendentes.
Uma touca na cabeça, 20 sessões de 12 minutos ao lado de uma máquina. Quando topou o tratamento experimental, o cabeleireiro usava 5 gramas de cocaína por dia, já tinha tomado remédios e passado por duas clínicas de reabilitação.

“Não conseguia ficar nem um dia sem. A vontade de usar era muito grande. Era equivalente a você estar com sede, muita sede, e querer tomar água”, disse o cabeleireiro.

Ele e outros 24 usuários da droga foram submetidos no instituto de psiquiatria da USP à estimulação magnética transcraniana. Uma técnica reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina para o tratamento da depressão.

A máquina gera um campo magnético. No cérebro do dependente de cocaína, ele ativa as áreas responsáveis pelo poder de decisão e pela sensação de saciedade, que ficam comprometidas quando o dependente sente falta da droga.

“O campo magnético faz com que o paciente volte a ter capacidade de decidir em relação ao uso dele, e escolher, e não usar”, afirmou Philip Ribeiro, pesquisador Instituto Psiquiatria USP.

O estudo, o primeiro do mundo de caráter científico a analisar os efeitos da estimulação magnética em dependentes de cocaína, foi bem recebido em congressos internacionais de psiquiatria. Em 80% dos pacientes, houve redução da fissura, o desejo de usar a droga, e também do consumo de cocaína.

Exames de urina comprovaram a mudança de comportamento. O cabeleireiro conseguiu se livrar do vício.

“Hoje em dia eu não tenho vontade nenhuma, não sinto a menor vontade de fazer uso da cocaína nem de nenhum tipo de droga”, revelou o cabeleireiro.

Os pesquisadores dizem que novos estudos são necessários e que é preciso aliar o tratamento a outras terapias para evitar recaídas.

Agora, eles querem repetir a experiência com usuários de crack. Mas fazem uma ressalva: apesar de promissor, o tratamento não consegue reverter um dos efeitos mais dramáticos das drogas.

“A droga precocemente leva a lesões no sistema nervoso, então a capacidade cognitiva, de raciocínio, não se recuperou. Melhora em tudo, menos nisso”, explicou Marco Antonio Marcolin, orientador da pesquisa.
O tratamento pode provocar dor de cabeça e tontura, e não é indicado para quem usa marcapasso ou é epilético.
Há vagas para dependentes que quiserem participar da segunda fase da pesquisa, no Instituto de Psiquiatria da USP. Você pode encontrar mais detalhes no site IPq.

Fonte: site Jornal Nacional - 04/06

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