Cientistas brasileiros deram um passo importantíssimo na luta contra a dependência química. Veja informações sobre como participar da pesquisa.
Pesquisadores brasileiros deram um passo importantíssimo na luta contra a
dependência química. Eles desenvolveram uma técnica para curar os sintomas da
abstinência em quem tenta largar o vício da cocaína. Nos testes, esse novo
método teve resultados surpreendentes.
Uma touca na cabeça, 20 sessões de 12 minutos ao lado de uma máquina. Quando
topou o tratamento experimental, o cabeleireiro usava 5 gramas de cocaína por
dia, já tinha tomado remédios e passado por duas clínicas de reabilitação.
“Não conseguia ficar nem um dia sem. A vontade de usar era muito grande. Era
equivalente a você estar com sede, muita sede, e querer tomar água”, disse o
cabeleireiro.
Ele e outros 24 usuários da droga foram submetidos no instituto de psiquiatria
da USP à estimulação magnética transcraniana. Uma técnica reconhecida pelo
Conselho Federal de Medicina para o tratamento da depressão.
A máquina gera um campo magnético. No cérebro do dependente de cocaína, ele
ativa as áreas responsáveis pelo poder de decisão e pela sensação de saciedade,
que ficam comprometidas quando o dependente sente falta da droga.
“O campo magnético faz com que o paciente volte a ter capacidade de decidir em
relação ao uso dele, e escolher, e não usar”, afirmou Philip Ribeiro,
pesquisador Instituto Psiquiatria USP.
O estudo, o primeiro do mundo de caráter científico a analisar os efeitos da
estimulação magnética em dependentes de cocaína, foi bem recebido em congressos
internacionais de psiquiatria. Em 80% dos pacientes, houve redução da fissura,
o desejo de usar a droga, e também do consumo de cocaína.
Exames de urina comprovaram a mudança de comportamento. O cabeleireiro
conseguiu se livrar do vício.
“Hoje em dia eu não tenho vontade nenhuma, não sinto a menor vontade de fazer
uso da cocaína nem de nenhum tipo de droga”, revelou o cabeleireiro.
Os pesquisadores dizem que novos estudos são necessários e que é preciso aliar
o tratamento a outras terapias para evitar recaídas.
Agora, eles querem repetir a experiência com usuários de crack. Mas fazem uma
ressalva: apesar de promissor, o tratamento não consegue reverter um dos
efeitos mais dramáticos das drogas.
“A droga precocemente leva a lesões no sistema nervoso, então a capacidade
cognitiva, de raciocínio, não se recuperou. Melhora em tudo, menos nisso”,
explicou Marco Antonio Marcolin, orientador da pesquisa.
O tratamento pode provocar dor de cabeça e tontura, e não é indicado para
quem usa marcapasso ou é epilético.
Há vagas para dependentes que quiserem participar da segunda fase da
pesquisa, no Instituto de Psiquiatria da USP. Você pode
encontrar mais detalhes no site IPq.
Fonte: site Jornal Nacional - 04/06
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