segunda-feira, 18 de novembro de 2013

A Família na Prevenção Contra as Drogas



“Mudanças bruscas de comportamento, queda no rendimento escolar ou no trabalho, insônia, irritabilidade e depressão são alguns dos sintomas do uso de drogas” 
Antônio Padilha de Carvalho*
Especial para o Diário de Cuiabá
 

(imagem reprodução)
 
 
A família não pode ser escanteada do cenário social, jamais deve ser tida como carta fora do baralho, como desejam alguns técnicos de coração duro e visão obtusa.
Apesar das creches, dos lugares de reabilitação, dos institutos especiais, o lugar de crianças e jovens é num lar, numa família com pai e mãe, isso não é antigo, isso é necessário. A existência dessas instituições devem ser toleradas como soluções precárias e paliativas.
Família pronta para atender, fortalecer e reabilitar a sua cria não é discurso religioso ou moralista, é necessidade.
Há que se indagar: Que civilização sobreviveu destruindo a família? Nenhuma outra experiência no planeta é capaz de substituir a família.
O ser humano somente saiu da condição primitiva dos seus primórdios quando constituiu uma família, servindo essa de modelo para a organização social. É no seu seio que os seres humanos do amanhã, recebem as primeiras lições do amor, do afeto, da responsabilidade, do exemplo.
A família é referencial de cultura, é pura identidade. Fora dela, o ser aproxima-se do bicho, do animal, do desvairado, do aloprado, do doentio…
Crianças e jovens criados fora da família não acreditam em amor, são todos arredios, descontrolados, medrosos, desconfiados, inseguros. O jovem problemático é sintoma, é reflexo de uma doença: desestrutura familiar, independentemente de classe social, vez que existem milhares de menores abandonados em casarões e palacetes.
Ensina-nos Odilon Fernandes que “a desarmonia familiar está na base do problema do uso de drogas por parte dos jovens.
Lar desestruturado, jovem desnorteado.
E o jovem desnorteado, que não encontra no seio da própria família a paz de que necessita, busca apoio nos tóxicos, tornando-se deles uma presa fácil.
Os pais carecem de tratar os filhos com carinho, mas também com energia.
Nem disciplina férrea nem excesso de liberdade.
O diálogo é o alimento do amor.
Pais que não dialogam com os filhos, orientando-os para a vida, praticamente os empurram para o vício.
O exemplo dentro de casa é tudo.
Se o jovem vê o seu lar desequilibrado, é preciso que ele tenha uma compreensão muito grande, para não se deixar afetar.
Não adianta dar aos filhos o que eles podem, se não se lhes dá o essencial: amizade.
Os pais que são amigos dos filhos não têm o que temer.
Se o jovem não tem dentro de casa um bom relacionamento, é preciso que ele entenda a dificuldade de seus pais, procurando auxiliá-los e não agravando ainda mais a situação com exigências descabidas.
Cada pessoa tem a sua responsabilidade própria.
Os outros podem nos influenciar, mas só até certo ponto. Depois, entra em questão o nosso livre-arbítrio, que é nossa vontade de escolha.
Existem filhos que usam drogas, para “castigar” os pais…”
ANDRÉIA CASSIA ASSUNÇÃO, publicitária, escreveu um excelente artigo com a temática: A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NA PREVENÇÃO DAS DROGAS, onde concita-nos a bem pensar o modelo de família que estamos mantendo e os comprometimentos que surgem de alguns hábitos frequentes no seio dessa célula social. Estão são as suas palavras:
“É na família que a prevenção ao uso de drogas pode ser mais eficaz. Porem, o medo, o preconceito, a falta de intimidade com os filhos, a desinformação e muitas vezes até a hipocrisia impede uma conversa mais franca sobre o assunto. Sobram dúvidas e inseguranças para o adolescente, que se depara na escola ou entre amigos com o assunto para o qual não está preparado.
Mas a questão que mais aflige os pais é saber com que idade já pode conversar sobre drogas com seus filhos. O assunto vai surgir, senão em casa, entre seus colegas, e é por isso que, quanto mais cedo abordarmos o problema, melhor. Não adianta conversar com seus filhos se você não estiver preparado. Conheça os valores de seus filhos. Os valores pessoais, sociais e familiares do adolescente são muito importantes nesta abordagem.
A interação pais/escola é muito importante e fundamental para saber como anda seu filho, suas atitudes, seu rendimento escolar, seus comportamentos e reações perante os problemas enfrentados.
A revelação que o individuo está usando drogas raramente é feita por ele mesmo, pode acontecer por iniciativa de um terceiro, ou por um ato falho do próprio usuário, como por exemplo, esquecer a droga em algum lugar, ou um ato externo, como por exemplo, ter problemas com a policia.
Tratando-se de adolescentes, os pais podem considerar mudanças de comportamento ao momento da vida em que o adolescente está passando e nunca pensar que pode ser consequência do uso de drogas.
A família sofre frente à revelação do uso de drogas perante um familiar, e na maioria das vezes sente-se culpada. Não conseguem compreender e aceitar, que o uso de drogas é um sintoma de que alguma coisa não vai bem com a pessoa, ou mesmo dentro da relação familiar.
Sabe-se que a dependência não se instala de repente, que não existe uma cura mágica, que não só o individuo precisará de tratamento, mas toda família, já que a família está presente junto com o individuo. Todos precisam de ajuda, de tratamento.
Independente do modelo de tratamento ao qual o individuo e a família sejam submetidos, é importante trabalhar as características individuais do dependente, as características da relação familiar, a relação individuo/família, enfocando sempre a necessidade da abstinência total, das mudanças de comportamento, hábitos, do estilo de vida, e com isso, prevenir a recaída.
Muitos estudos demonstram a necessidade de compreendermos como e porque o fenômeno da dependência química pode repetir em outras gerações.
Dentro da perspectiva familiar, podemos inferir que o comportamento do dependente é aprendido do mesmo modo que interfere fortemente nas pessoas envolvidas pela convivência. O exemplo disso, no caso do alcoolismo, foi observado que sua perpetuação pode estar associada à manutenção da identidade familiar, pois as famílias que possuem dependentes químicos são bastante particulares em razão de suas características incomuns, percebidas e vividas por todos os seus membros.
Atitudes como “rituais familiares normais” muitas vezes ocorrem em torno do beber, o que interfere no desempenho normal da família. Geralmente, é desta forma que os filhos crescem num contexto cultural onde a bebida se torna parte de suas vidas.
A mitologia familiar é, muito provavelmente, infestada de cenas relacionadas ao álcool. Os filhos podem permanecer imersos neste ambiente, inconscientes do que ocorre; podem repetir a identidade familiar, e, sem muito refletir, se casar com alcoolistas ou vir a ser um.
O desafio destes filhos seria construir novos rituais e mitos familiares, abandonando os de sua família de origem, para, assim, desenvolver uma identidade familiar não – alcoólica como uma maneira de não perpetuar o alcoolismos.
O PAPEL DA FAMÍLIA: Cuidados básicos, afetividade e amor por parte dos pais; Papéis bem definidos na relação familiar; Auxiliar no desenvolvimento da identidade pessoal; Apoiar e respeitar a individualidade; Conhecimento dos amigos e grupos sociais dos filhos (as); Capacitar os filhos para suportar e superar pressões dos grupos sociais; Conhecimento sobre as drogas: suas características e conseqüências; Não se acomodar frente aos problemas; Entender sobre as fases da vida e dos momentos dos (as) filhos (as); Diálogo; Reavaliar valores rígidos; Vale a pena complementar, conforme o quadro familiar presente, é indicado que o dependente receba acompanhamento individual e/ ou psiquiátrico individualizando garantindo, assim, a assistência à dependência química. Deve-se, porém tomar o extremo cuidado de não o manter num lugar ainda mais problemático. Por isso faça sua parte.”
A melhor forma de prevenção das drogas está na família. Infelizmente hoje exercemos vários papeis e temos pouco tempo para ficar com nossos filhos. O uso de drogas atinge o indivíduo, a família e a comunidade. Normalmente as crianças se envolvem com drogas por curiosidade. Por isso, é importante que os jovens tenham atividades sadias como esportes, música e cultura para evitar que se envolvam com drogas.
Estatísticas recentes mostram que o jovem dependente químico apresenta perturbações pessoais e familiares, revelando extrema dificuldade de tolerar as frustrações e de suportar a realidade. Isso mostra que os pais devem impor limites aos seus filhos, além disso, eles devem dialogar e conhecer as crianças. É importante também conhecer os amigos e os locais onde eles frequentam.
É de primordial interesse que os pais fiquem atentos aos sinais gerais das pessoas que usam drogas. “Mudanças bruscas de comportamento, queda no rendimento escolar ou no trabalho, insônia, irritabilidade e depressão são alguns dos sintomas. Nem sempre indica que a pessoa está usando drogas, mas com certeza, indica que precisa de observação e acompanhamento.
O bom ambiente familiar e a religião, seja ela qual for, são fatores preponderantes para manter os jovens afastados das drogas.
Antônio Padilha de Carvalho, advogado militante; pós graduado nas áreas do Direito do Estado; Educação e Filosofia; Acadêmico de Geografia/UFMT;Presidente do IMPDrog- Instituto Mato-grossense de Prevenção às Drogas e colabora com o DC Ilustrado. 
Fonte: Jornal Diário de Cuiabá

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