sexta-feira, 30 de março de 2012

VERDADES e MITOS

Crédito da imagem: Ricardo Stuckert/Lua Nova
Mito. Apesar de ser absorvido quase totalmente pelo organismo, apenas o uso recorrente do crack causa dependência. Diferentemente de outras drogas, entretanto, o crack causa sensações intensas e desagradáveis quando seus efeitos passam, o que leva o usuário a repetir o uso. Esta repetição, junto com o efeito potente da droga, leva o usuário a ficar dependente de forma mais rápida.
Mito. O crack foi considerado inicialmente uma droga “de rua”. Por ser barata e inibir a fome, muitos moradores de rua e pessoas em situação de miséria recorrem à droga como medida paliativa. O contexto social do usuário também é um fator agravante - é mais comum uma pessoa se tornar usuária de crack quando o meio social facilita o acesso. Apesar disso, hoje o crack atinge todas as camadas sociais.
Verdade. Isso ocorre porque os usuários da droga costumam adotar comportamentos de risco, como praticar sexo sem proteção. Influenciados pela necessidade de consumir o crack, muitos usuários crônicos também recorrem à prostituição para conseguir a droga.
Mito. A pessoa que denunciar o traficante tem sua identidade preservada pelas autoridades policiais, portanto, seu filho usuário não será exposto. Porém, apesar da lei de drogas prever que o uso de drogas não seja punido com restrição de liberdade, o porte de drogas continua sendo crime no Brasil.
Mito. A legislação brasileira não obriga profissionais da área médica a notificar a polícia sobre os atendimentos realizados a usuários de drogas em situação de intoxicação aguda. As autoridades policiais são chamadas apenas em casos extremos, em que o comportamento do paciente põe em risco sua própria integridade física ou a saúde de terceiros.
Mito. O crack é amplamente consumido na região de São Paulo e avançou rapidamente para a maioria dos grandes centros urbanos de todo o país. Porém, já existem relatos de cidades do interior e mesmo de zonas rurais afetadas por problemas relacionados ao tráfico e consumo desta substância.
Verdade. O crack e a maconha são drogas com efeitos diferentes. Uma vez que o crack deixa o indivíduo mais impulsivo e agitado, e gera dependência e fissura de forma intensa, ele termina tendo um impacto maior sobre a saúde e as outras instâncias da vida do indivíduo do que, em geral, se observa com a maconha. Em relação à cocaína, apesar de serem drogas com a mesma origem, o efeito do crack é mais potente do que a cocaína inalada. Por ser fumado, o crack é absorvido de forma mais rápida e passa quase que integralmente à corrente sanguínea e ao cérebro, o que potencializa sua ação no organismo.
Verdade. O uso dessa droga compromete o comportamento como um todo. Por ser uma substância altamente estimulante, várias funções ficam comprometidas, mas as mais afetadas são a atenção e a concentração, a falta de sono, além de gerar quadros de alucinação e delírio.
Verdade. É possível se recuperar da dependência do crack. O usuário deve procurar tratamento adequado e contar com apoio familiar, social e psicológico para superar a dependência química.
Mito. Usuários que já possuem uma tendência à agressividade podem ficar mais violentos quando estão na fase de “fissura” ou abstinência da droga. Apesar de haver sempre uma deterioração das relações sociais, especialmente no ambiente familiar, a violência não é uma conduta padrão.
Verdade. Mães usuárias de crack devem receber tratamento imediato com a suspensão do uso da droga e da amamentação durante o período necessário para eliminar as substâncias tóxicas do organismo. Após esse período, e sob supervisão médica, a amamentação está liberada.
Verdade. O crack prejudica o desenvolvimento do feto por alterar a saúde física da mãe e passar à corrente sanguínea do futuro bebê. Isso pode reduzir o fluxo de oxigênio para o feto, causar graves danos ao sistema nervoso central e alterações nos neurotransmissores cerebrais. Também há maior risco de aborto espontâneo, hemorragias, trabalho de parto prematuro, além de diversas malformações físicas e baixo peso ao nascer.
Mito. Bebês expostos ao crack durante o período fetal não são dependentes da droga. Não há comprovação científica de que eles desenvolvam abstinência na ausência do crack. Os sinais e sintomas que eles podem apresentar durante o período neonatal estão mais relacionados a alterações nas substâncias químicas do cérebro (neurotransmissores), que poderão ser ou não temporárias.
Verdade. Existe sim uma predisposição genética à dependência química. No entanto, não somente ao crack, mas a outras substâncias químicas, como o álcool, por exemplo.
Fonte: site Crack, é possível vencer                       

quinta-feira, 29 de março de 2012

A familía é a principal aliada no processo de tratamento e de reinserção social da pessoa que apresenta dependência.


Reinserção social




                                                         Crédito da imagem: Shutterstock


A presença da família é importante durante todo o processo de tratamento da pessoa que apresenta dependência e fundamental também na etapa da reinserção social do ex-usuário de crack. Após o término da fase intensiva de tratamento e com o retorno ao meio familiar, o restabelecimento das relações sociais positivas está diretamente relacionado à manutenção das transformações.
Segundo Fátima Sudbrack, psicóloga e professora da Universidade de Brasília (UnB), um dos primeiros passos para o processo de reinserção social é evitar o isolamento do usuário. “É uma ilusão achar que só a internação vai resolver o problema. Na verdade, a desintoxicação é só uma parte do tratamento, pois o mais importante é a reinserção social. É importante que o dependente saiba com quem pode contar”, explica.
É fundamental que a família reconheça que ele está em um processo de recuperação de dependência, compreenda suas dificuldades e ofereça apoio para que ele possa reconstruir sua vida social. “Durante o tratamento os familiares e amigos podem e devem apoiar o dependente, se possível com ajuda profissional. O principal risco para um ex-usuário é se sentir sozinho, desvalorizado e sem a confiança das pessoas próximas”, diz Fátima.
A capacidade de acolher e compreender, estabelecer regras claras de convivência familiar, a demonstração de um interesse real em ajudar e de compromisso com a recuperação, além do respeito às diferenças e da manutenção de um ambiente de apoio, carinho e atenção, são atitudes que contribuem para melhorar a qualidade de vida do ex-usuário e ajudam na prevenção de recaídas. “De forma geral, no início é preciso exercer um controle maior sobre as atividades do indivíduo, manter uma rotina mais rigorosa, com acompanhamento. É preciso oferecer toda a ajuda possível, manter uma proximidade maior. O que faltou antes vai ter que ser fortalecido neste momento”, afirma o médico Mauro Soibelman, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). É o chamado manejo firme e amigável, expressão usada por psiquiatras especializados no tratamento de dependentes químicos. “Não significa ser autoritário e bruto, apenas firme no propósito de manter o usuário longe do crack”, completa o especialista.
De acordo com Raquel Barros, psicóloga da ONG Lua Nova, é preciso dar espaço para a pessoa recomeçar. “Não se trata de fazer de conta que nada está acontecendo, mas de não focar a pessoa só nisso”, ressalta. A procura por um trabalho e a volta aos estudos deve ser incentivada. “É fundamental ocupar o tempo em que o dependente fumava crack com atividades saudáveis, seja com estudos, trabalho, esportes ou caminhadas”, diz Mauro Soibelman.
Hábitos sociais
Situações de convívio social fora do ambiente familiar tendem a ser desafiadoras para o ex-usuário de crack. Para a psicóloga Fátima Sudbrack, não é recomendado que a pessoa volte a freqüentar casas noturnas, bares ou mantenha contato com amigos que fazem uso de drogas. “Não podemos pedir que a pessoa abandone tudo o que fazia, mas é bem difícil retornar a esses lugares e não voltar a consumir a droga”, diz.
O uso de drogas lícitas, mesmo de forma moderada, não é recomendado pela maioria dos especialistas. “O cigarro é mais tolerável, apesar de controverso. Mas o álcool é um grande problema. Mesmo em baixas doses, a bebida alcoólica afrouxa as defesas do usuário e se torna um facilitador para recaídas”, explica Soibelman. Para a psicóloga Fátima Sudbrack, o dependente tende a compensar a ausência do crack com outra droga mais acessível. “Fazendo o uso de álcool e outras drogas ele não vai se recuperar, mas apenas buscar satisfação em outro produto”, diz.


Informações e orientações para o combate ao crack


A população pode contar com informações e orientações para o enfrentamento do crack na página do Plano “Crack, é Possível Vencer” na internet . Nesse endereço, os visitantes descobrem mais sobre os efeitos e consequências da droga, cuidados, prevenção, casos de superação, segurança pública e notícias. A página traz perguntas e respostas e links para download de material informativo, como cartilhas, livretos, áudios e vídeos.
Viva Voz - Também está à disposição da população o VivaVoz, um serviço de atendimento telefônico gratuito, exclusivo e especializado em fornecer informações sobre qualquer tipo de droga, além de orientar na busca de locais para tratamento. Por meio do número 132, qualquer cidadão será atendido 24 horas, todos os dias da semana, inclusive feriados. O VivaVoz mantém o sigilo das informações e a identidade dos usuários do serviço.
Plano - O plano “Crack, é Possível Vencer” é uma ampliação e inovação do Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack. Os objetivos são aumentar a oferta de tratamento de saúde e atenção aos usuários, enfrentar o tráfico de drogas e as organizações criminosas e ampliar atividades de prevenção por meio da educação, informação e capacitação. O plano prevê o investimento de R$ 3,92 bilhões com atuação articulada entre governo federal, estados, Distrito Federal, municípios e sociedade civil. Os eixos de atuação são cuidado (saúde), autoridade (segurança pública) e prevenção.
Fonte: Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República



segunda-feira, 26 de março de 2012

Juízes visitam adolescentes viciados em crack para decidir destino deles

Para que a intervenção da Justiça aconteça mais rapidamente e seja mais eficiente, grupo de desembargadores, juízes, promotores e defensores públicos decidiu deixar seus gabinetes e ir ao encontro de crianças e jovens.

Em São Paulo, juízes visitam crianças e adolescentes viciados em crack antes de decidir qual será o destino deles. A repórter Graziela Azevedo acompanhou a primeira audiência.
Em um dos melhores abrigos de São Paulo, vivem 20 crianças e adolescentes que conheceram a pobreza, a violência, o abandono e as drogas.
“Trabalho em uma empresa de publicidade e estudo à noite”, diz uma jovem.
“Agora, eu estudo, trabalho. Nada de ficar parado, sempre tem alguma atividade aqui na casa para a gente fazer. Sempre temos a mente ocupada”, conta um rapaz.
Mas para estarem cercados de cuidados e olhando para o futuro, o caminho não foi fácil e nem sempre a Justiça ajudou.
“Eles acham que a melhor opção é Fundação Casa ou clínica. Eles nunca pensam assim: ‘vamos ver essa família como está?’”, diz a jovem.
“Não é ação de compreensão do que está acontecendo. Até porque o menino já chega na vara, no conselho tutelar, nessa rede, como culpado ou como inviável. E como culpado ou inviável, ou você serve para ser atendido de determinado jeito ou de determinado jeito”, avalia Valéria Pássaro, coordenadora do abrigo.
Para que a intervenção da Justiça aconteça mais rapidamente e seja mais eficiente, um grupo de desembargadores, juízes, promotores e defensores públicos decidiu deixar seus gabinetes e ir ao encontro de crianças e adolescentes que usam crack.
A experiência começou no serviço da prefeitura, onde estão internados 33 jovens com menos de 18 anos. Aos servidores da justiça se juntaram representantes das áreas da habitação, trabalho, assistência social e saúde.
“Geralmente, juiz tem um trabalho muito solitário. Ele decide sozinho. Aqui, eu decido com todos. Não é só a visão do Judiciário, é a visão de todos. Eu imagino que, com isso, o adolescente e a criança saem melhor atendidos”, diz o juiz Iasin Issa Ahmed.
O caso discutido foi o de uma jovem usuária de crack internada há cinco meses. A mãe, que ela não via há sete meses, foi encontrada e levada para o local. “Ela vai sair daqui para uma residência terapêutica, onde ela deve permanecer por ordem judicial. Nós estamos querendo agora correr atrás de demanda ao invés de a demanda vir ao nosso encontro”, afirma o desembargador Antonio Carlos Malheiros.
Fonte: Jornal Nacional de 24 de março de 2012.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Como o carvalho!


É preciso ter fé para acreditar que cada problema que temos em nossa vida é para que com ele possamos tirar algum aprendizado e que nada acontece por acaso...
Reflitam!!

Todas as vezes que nos deparamos com problemas em nossa vida, observamos o quanto somos frágeis.

As alegrias se vão e só fica a verdade de que somos impotentes para lidar com adversidades que surgem no decorrer de nossa existência.

Deus nos deixa lições interessantes em sua criação para nos mostrar o contrário, que o homem foi criado forte e que essa força é sempre adquirida e absorvida dessas situações adversas.

Você conhece uma árvore chamada CARVALHO?


Pois é, essa árvore é usada pelos botânicos e geólogos como um medidor de catástrofes naturais do ambiente.

Quando querem saber o índice de temporais e tempestades ocorridas numa determinada floresta, eles observam logo o carvalho (existindo no local, é claro), que naturalmente é a árvore que mais absorve as conseqüências de temporais.

Quanto mais temporais e tempestades o carvalho enfrenta, mais forte ele fica!

Suas raízes naturalmente se aprofundam mais na terra e seu caule se torna mais robusto, sendo impossível uma tempestade arrancá-lo do solo ou derrubá-lo!

Mas não pense que os cientistas precisam fazer essas análises todas para saber isso! Basta apenas eles olharem para o carvalho.

Por absorver as conseqüências das tempestades, a robusta árvore assume uma aparência disforme, como se realmente tivesse feito muita força.

Muitas vezes uma aparência triste!

Cada tempestade para um carvalho é mais um desafio a ser vencido e não uma ameaça!

Numa grande tempestade, muitas árvores são arrancadas, mas o carvalho permanece firme!

Assim somos nós.

Devemos tirar proveito das situações contrárias à nossa vida e ficar mais fortes!

Um pouco marcados. Muitas vezes com aparência abatida, mas fortes!!!

Com raízes bem firmes e profundas na terra!

Podemos, com isso, compreender o que o nosso PAI maravilhoso quis nos ensinar, quando disse que podemos todas as coisas naquele que nos fortalece.

E também a confiança do rei Davi quando cantou:

-"Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte eu não temerei mal algum, porque TÚ estás comigo..."

Por isso quando olhar pela janela o lindo alvorecer, lembre-se de que não há temor com os infortúnios da dia, porque DEUS está consigo!

Ele o protegerá

Se você está passando por lutas muito grandes por estes dias, pense que (como o carvalho)...é só mais uma tempestade que o tornará mais forte, segundo aquele que nos arregimentou!

Saúde, Paz, Amor e Muito Sucesso!

Queridos amigos!!

Deus jamais nos abandona, e Ele sabe exatamente o que podemos suportar para que com essas dificuldades possamos aprender algo para nossa evolução.
Autor desconhecido

terça-feira, 13 de março de 2012

Brasil e EUA trocam punição por tratamento a usuários de crack

O Fantástico mostra histórias de esperança, projetos que estão ajudando os usuários dessa droga terrível a retomar a vida.
A luta do Brasil contra o crack: o Fantástico mostra histórias de esperança, projetos que estão ajudando os usuários dessa droga terrível a retomar a vida. Um dos modelos que inspirou algumas iniciativas brasileiras veio da justiça americana. Lá, oito em cada dez dependentes que participam de um programa de reabilitação conseguem se livrar das drogas.

Miami, 23h. Quando a busca é por usuários de drogas, o endereço é certo. Uma das chamadas “crack-house” em Miami é uma das poucas que ainda existem. São casas, lugares abandonados onde as pessoas se reúnem para usar drogas. Lá, o policial verifica se há alguém no local.

“Se você comparar com alguns atrás agora está mais fácil. Não há muitos usuários de drogas nas ruas. Menos do que antes, com certeza”, conta o policial.

Miami, nos anos 1980 e 1990, era maconha e cocaína. Crack e heroína. Eram drogas que poluíam as ruas, destruíam as mentes e desafiavam a polícia.

Entre as estratégias para combater o problema estavam as prisões e a destruição das “crack-houses”, território dos usuários de drogas. Mas nada disso era suficiente. Repressão não era a saída.

Um dos métodos mais eficientes de combate às drogas no mundo nasceu em uma sala do Tribunal de Drogas de Miami. Desde que esse tribunal foi criado, em 1989, o número de crimes caiu 33%. Oito em cada dez dependentes que chegam ao tribunal conseguem abandonar as drogas.

Funciona assim: o usuário é flagrado com uma pequena quantidade de entorpecentes. Vai preso, porque em Miami isso é crime. Passa uma noite na cadeia e segue para o tribunal. Se não tem nenhum histórico criminal a juíza pergunta: “Você quer participar do programa?”.

Dura um ano. Exigência número 1: fazer exame de urina a cada sete dias. Número 2: ir duas vezes por semana a um psicólogo. A terceira exigência a equipe de reportagem do Fantástico acompanhou.

Às 21h, em Miami, em uma casa, assim como em muitos outros locais da cidade, há um encontro de narcóticos anônimos. São usuários de drogas que se reúnem para trocar experiências. Mas mais do que isso: cumprir uma determinação da Justiça.

Eles não mostram o rosto, mas é possível identificá-los pela voz. São brasileiros. “Estamos nas garras de uma doença progressiva que termina sempre da mesma maneira: prisões, instituições e morte”, diz um usuário.

Eles se juntam duas vezes por semana. Um ajuda o outro a controlar a dependência e ainda contam ponto perante a Justiça. Aí se entra na quarta exigência do programa do Tribunal de Drogas de Miami: a prestação de contas. Uma vez por mês todos fazem fila para se apresentar à juíza.

O porto-riquenho Martin Cavallero apresenta os comprovantes de que cumpriu todos os requisitos. Diz onde está morando e trabalhando e recebe os parabéns. Se não tiver uma recaída, daqui a um mês completará o programa. “O mais importante para mim é ter o nome limpo”, diz Martin.

Quem cumpre o programa não se afasta apenas das drogas. Fica sem histórico criminal e apaga esse passado de entorpecentes.

Quem comanda esse tribunal, todo decorado com avisos sobre o perigo das drogas, é Deborah White-Labora. “Tudo o que existe no programa está disponível na sociedade. Mas quando uma pessoa vem aqui, ela se sente motivada e percebe que está sendo monitorada”, diz a juíza.

A dependência quase arruinou a vida do advogado Richard Baron. Graças ao programa, conseguiu reconquistar tudo o que tinha: a mulher, os filhos e o trabalho. “No colégio, comecei a beber e fumar maconha. Alguém disse: ‘Experimente isso’. Era crack e cocaína. Por três anos e meio eu usei essas drogas”, conta.

Hoje, Richard Baron ajuda financeiramente o Tribunal de Drogas de Miami. Paga quatro advogados, que ajudam na defesa dos dependentes. Assim, o programa acaba se tornando mais eficiente do que manter qualquer pessoa na cadeia.

A cada US$ 1,00 gasto no tratamento, cerca de R% 1,70, o governo economiza mais de US$ 3 em gastos com prisões.

David Kahn é um ex-promotor de Justiça que trabalhou durante seis anos no Tribunal de Drogas. E hoje ele mostra como ficou uma área que, há duas décadas, era devastada pelo crack e pela cocaína. “A situação aqui explodiu, assim como no seu país. A mesma coisa”, afirma o ex-promotor David Khan.

David Khan já esteve no Brasil várias vezes para tentar implantar o programa que hoje existe em 2,5 mil cidades no mundo. Khan visitou a Cracolândia paulista e vê uma diferença simples entre o que foi feito nos Estados Unidos e o que é feito no Brasil. “Nós não nos limitamos a tirar essas pessoas daqui. Nós damos a elas uma chance de vida saudável, longe das drogas”, compara o ex-promotor David Khan.
Projeto em São Paulo troca punição por tratamento
Será que um sistema igual ao americano funcionaria bem no Brasil? O Fantástico mostra como a Justiça brasileira está mudando a maneira de lidar com o usuário de drogas. Um homem tinha uma ordem de não chegar a menos de cem metros da filha por causa da dependência.

“Quando eles me pegaram, fazia mais de 30 dias que eu não escovava os dentes”, revela o homem.

Ele foi parar no Fórum de Santana, em São Paulo, onde funciona um projeto chamado “Justiça Terapêutica”, que dá uma chance para quem é flagrado com drogas. Se ficar claro que a pessoa estava com entorpecentes somente para consumo, ela tem a chance de trocar a punição pelo tratamento.

“Tanto a Corte americana quanto a Justiça Terapêutica brasileira trabalham no sentido de evitar que aquele que foi preso e teve problemas com drogas receba atenção na área terapêutica para evitar a repetição do uso da droga e novos crimes”, afirma Mário Sérgio Sobrinho, do Fórum de Santana.

Desde que o programa paulista começou, há dez anos, quase mil pessoas já participaram. O homem que não podia chegar perto da filha é um deles. Para ficar com a ficha limpa, ele é obrigado a frequentar o programa “Narcóticos Anônimos” e precisa comprovar a frequência. A cada sessão, recebe um carimbo na ficha. Desde que começou a participar das reuniões, largou as drogas e conseguiu ter a família de volta.

“Estou vivo, ando de cabeça erguida, consigo olhar as pessoas nos olhos. Consigo ficar com a minha filha, dar um bom exemplo para ela”, diz o homem. “Se a Justiça Terapêutica não tivesse dado essa chance, hoje você estaria onde?”, indaga o repórter. “Preso ou morto”, responde o homem.

A experiência da Justiça pernambucana é ainda mais radical. O foco são os bandidos que cometem outros crimes por causa do uso de tóxicos. Troca a prisão pelo compromisso de ficar longe das drogas.

“Ele deve ser tratado. Tratar significa para a Justiça deixar de usar droga. Não é reduzir, mas deixar plenamente. Se ele consegue isso durante dois anos, ao final do período ele está reabilitado do uso da droga e, ao mesmo tempo, o processo dele é extinto. Ele não deve mais nada à Justiça”, explica José Marques Costa Filho, psiquiatra responsável pelo Centro de Justiça Terapêutica de Pernambuco.

“O país tem cinco regiões diferentes, com culturas diferentes. Quando tem uma posição desse tipo, com um juiz tentando fazer um trabalho, mesmo que a recuperação seja pequena, eu acho que vale a pena investir”, avalia o psiquiatra Artur Guerra.

Essas são alternativas para quem tem contas a acertar com a Justiça. Mas o que fazer se você tem um parente dependente das drogas? A quem recorrer?

“Primeiro lugar, buscar o centro de atenção psicossocial do seu município ou do seu estado, e estou dando como alternativa procurar o 136 do Ministério da Saúde, número que pode ajudar a identificar no seu município, no seu estado, e o ministério vai ajudar nisso: a buscar uma unidade de saúde que pode acolhê-lo”, afirma o ministro Alexandre Padilha.

No fim de 2011, o governo federal lançou um plano nacional para enfrentar o problema. Liberou R$ 2 bilhões para que os municípios invistam em diferentes tipos de tratamentos. O ministro da Saúde admite que o Sistema Único de Saúde (SUS) não está pronto para lidar com o crack.

“Nós temos que ter tratamento para esse caso como uma epidemia, e toda epidemia que desafia o serviço de saúde, exige que ele se reorganize”, declarou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

Dez cidades foram consideradas prioritárias. Nelas, os agentes de saúde vão a campo buscar quem precisa de ajuda. Na noite de sexta-feira (9), a equipe de reportagem do Fantástico acompanhou o trabalho da equipe do projeto Consultório de Rua, no Centro de São Bernardo. A intenção é oferecer ajuda e tratamento aos usuários de crack e cocaína para que eles abandonem as drogas. É um trabalho difícil e de muita conversa.

Um usuário conta que tem 22 anos, dois filhos pequenos e está sem aparecer em casa há três dias. Ele diz que aceita ser atendido em um CAPS, um centro de atendimento sem internação. “Eu tenho capacidade de consertar minha vida de novo e eu vou consertar”, promete.

Mas para pacientes que precisam ser internados, que estão pondo em risco a própria vida ou a de outras pessoas, a solução pode ser a casa de acolhimento. Um lugar onde se reconstrói a vida.

Adriana usou crack por 20 anos e sumiu no mundo. Depois de passar por cinco clínicas diferentes, conseguiu sair do buraco fazendo os outros rir. Na terapia, ela foi convidada a fazer parte de um grupo de palhaços. A brincadeira trouxe de volta algo muito sério.

“O juiz, inclusive, ia fazer atestado de óbito provisório para minha família. E aí dei uma entrevista do grupo de palhaços e minha família me viu na televisão e me achou”, conta Adriana.

Onde não há os serviços públicos, há cidades investindo em soluções que só eram acessíveis para quem podia pagar. “Você se prostitui, você rouba, trafica. Eu abandonei meus filhos. Cuidei dele por menos de 2 anos, praticamente ficou sem a mãe”, lembra.

A família de Bruna pagou o tratamento em uma clínica por três meses. Quando não teve mais condições, recebeu um cartão de assistência do governo de Minas Gerais. São R$ 900 por mês. “Foi uma benção”, se emociona.

Bruna ainda sente medo da rua, mas já consegue sair e passar o fim de semana em casa. A família tem um papel fundamental na recuperação do usuário de drogas.

“Eu vou procurar fazer meu papel de mãe melhor. Talvez eu tenha falhado em alguma coisa, talvez tenha faltado diálogo, um puxão de orelha. Eu não vou perdê-la pela segunda vez. Eu perdi e recuperei, agora não perco mais”, afirma a mãe de Bruna.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Grupo Mães Contra o Crack são notícia em site internacional!

Mães brasileiras contra o crack

Mulheres que sofrem com o vício dos filhos e unem em movimentos pelo país.

Mães Contra o Crack em protesto silencioso: correntes simbolizam ato desesperado de mães que acorrentam os filhos para que eles não saiam de casa em busca da droga. (Cortesia do Gabinete de Miriam Marroni)

PORTO ALEGRE, Brasil – O envolvimento do filho com o crack fez a dona de casa Vani Pereira Camacho, 64 anos, passar por momentos de desespero e solidão.

“Quando estamos numa situação desse tipo, somem parentes e amigos, ficamos sozinhos. Só a gente e Deus”, diz Vani.

Sem saber como agir, Vani resolveu procurar famílias que viviam o mesmo drama. Foi quando ela conheceu o movimento Mães Contra o Crack, de Pelotas, no Rio Grande do Sul.

O auxílio foi valioso. Vani obteve a orientação necessária para buscar recursos para o tratamento do filho.

“Consegui resolver muitas coisas que não sabia”, diz a dona de casa, que mora em Pelotas. “Hoje meu filho está em recuperação e tem se saído muito bem.”

Mesmo com o filho em tratamento, Vani não se afastou do grupo. Ela agora faz questão de retribuir a ajuda que recebeu.

Além de orientar outras mães, Vani participa de palestras, em escolas, comunidades e igrejas, sobre os perigos do uso da pedra.

A prevenção é justamente uma das principais preocupações do Mães Contra o Crack, que já conta com 80 participantes.

O movimento foi criado em 2009 por Miriam Marroni, secretária geral do governo do Rio Grande do Sul. Naquele ano, Miriam era presidente da Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Segurança da Câmara de Vereadores de Pelotas e recebia em seu gabinete inúmeros pedidos de ajuda para internação.

Caminhada com correntes
As Mães Contra o Crack conseguiram chamar atenção para o movimento ao reinvidicar melhores condições de tratamento com protestos silenciosos, em que sempre aparecem acorrentadas. As correntes são uma alusão ao ato desesperado de mães que acorrentam seus filhos em casa para que eles não voltem às ruas em busca de crack.
O grupo entregou ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha, em maio de 2011, uma carta com uma lista de pedidos:

  • Leitos em hospitais gerais;
  • Plantão psiquiátrico 24 horas nos Centro de Atenção Psicossocial para atendimento de pacientes com transtornos decorrentes do uso e dependência de álcool e outras drogas (CAPs-AD);
  • Melhores condições de atendimento dos CAPS-AD;
  • Comunidades terapêuticas via Sistema Único de Saúde;
  • Cursos profissionalizantes para dependentes químicos em recuperação at the CAPs-AD.
        Por: Cristine Pires para Infosurhoy.com — 21/02/2012

quinta-feira, 1 de março de 2012

Subcomissão contra o Crack em publicação da CCDH



A secretária-geral de Governo, Miriam Marroni, recebeu na manhã desta quarta-feira, 29, do presidente da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, deputado Miki Breier (PSB), exemplar do Relatório da Subcomissão contra o Crack, transformado em publicação institucional da CCDH.

Miriam Marroni foi proponente e relatora da subcomissão, que durante o ano passado realizou diagnóstico da situação da rede pública de atendimento à dependência química, em especial relativa ao tratamento de usuários de crack. Miriam também idealizou e fundou o grupo pelotense Mães contra o Crack, quando era vereadora em Pelotas. “Na investigação, detectamos várias iniciativas positivas em todas as esferas públicas, mas infelizmente também constatamos falta de integração e indicação clínica para o período pós-desintoxicação e escassez de unidades de tratamento voltadas ao público feminino”, afirmou a relatora.

Na radiografia da rede de atendimento e tratamento para usuários do crack e outras drogas também foi percebida falta de fiscalização do trabalho das comunidades terapêuticas (CTs). “As comunidades prestam importante serviço, pois foram preenchendo lacunas deixadas pelo poder público ao longo dos anos. Entretanto, é importante que o Estado verifique os métodos de tratamento utilizados. Defendemos metodologia científica e não apenas suporte religioso”, observou. Para Miriam, é importante que o Estado apóie o aprimoramento técnico dessas entidades e que a elas seja ofertado linhas de crédito especiais.

O presidente da CCDH quer estabelecer cronograma de distribuição de exemplares para redes conveniadas, escolas públicas e conselhos municipais de combate a entorpecentes. Junto com a distribuição, a idéia é promover debates sobre a questão da dependência química e do aumento do consumo de crack no Estado. O Rio Grande do Sul ficou em terceiro lugar em levantamento de afastamentos do trabalho em virtude da drogadição, com um total de 17 mil auxílios-doença tendo sido concedidos em 2011, em razão de transtornos causados pela dependência química (também incluída a causada pelo consumo de bebidas alcóolicas).

Histórico - A subcomissão foi instalada em 13 de abril e em quatro meses de trabalho, promoveu seis audiências públicas, fez várias visitas técnicas a unidades de tratamento e a experiências bem sucedidas de recuperação e reinserção de dependentes químicos e reuniu-se com setores responsáveis pela rede de atenção à drogadição. O calendário foi iniciado em Canoas e finalizado no município de Santo Ângelo, com participação significativa das comunidades, autoridades públicas e profissionais da área da saúde.

Entre as recomendações, a subcomissão apontou a necessidade de elaboração de estratégicas que efetivem a transversalidade e a integração da rede pública de tratamento e a fiscalização no processo de implantação dos Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS- AD), de modo a assegurar a qualidade do atendimento. Há, ainda, apoio institucional à internação compulsória, presente no plano federal “Crack, é Possível Vencer”. “As drogas contemporâneas afetam profundamente o juízo dos indivíduos, retirando-lhes a capacidade de tomar decisões. Em situações graves de dependência química, não se pode deixar uma pessoa que não tem capacidade de decisão, perder-se, entrar no mundo do crime e morrer”, sustentou.


O relatório foi aprovado por unanimidade em setembro. Também compuseram a subcomissão os deputados Marlon Santos (PDT) e Luciano Azevedo (PPS). Os deputados Zilá Breitenbach (PSDB), Mano Changes (PP) e Jurandir Maciel (PTB) participaram de várias audiências. A publicação tem 400 páginas, com legislações, cópias de reportagens e material apresentado por entidades e instituições. A primeira edição conta com 2,5 mil exemplares.