Para que a intervenção da Justiça aconteça mais rapidamente e seja mais eficiente, grupo de desembargadores, juízes, promotores e defensores públicos decidiu deixar seus gabinetes e ir ao encontro de crianças e jovens.
Em São Paulo, juízes visitam crianças e adolescentes viciados em crack antes de decidir qual será o destino deles. A repórter Graziela Azevedo acompanhou a primeira audiência.
Em um dos melhores abrigos de São Paulo, vivem 20 crianças e adolescentes que conheceram a pobreza, a violência, o abandono e as drogas.
“Trabalho em uma empresa de publicidade e estudo à noite”, diz uma jovem.
“Agora, eu estudo, trabalho. Nada de ficar parado, sempre tem alguma atividade aqui na casa para a gente fazer. Sempre temos a mente ocupada”, conta um rapaz.
Mas para estarem cercados de cuidados e olhando para o futuro, o caminho não foi fácil e nem sempre a Justiça ajudou.
“Eles acham que a melhor opção é Fundação Casa ou clínica. Eles nunca pensam assim: ‘vamos ver essa família como está?’”, diz a jovem.
“Não é ação de compreensão do que está acontecendo. Até porque o menino já chega na vara, no conselho tutelar, nessa rede, como culpado ou como inviável. E como culpado ou inviável, ou você serve para ser atendido de determinado jeito ou de determinado jeito”, avalia Valéria Pássaro, coordenadora do abrigo.
Para que a intervenção da Justiça aconteça mais rapidamente e seja mais eficiente, um grupo de desembargadores, juízes, promotores e defensores públicos decidiu deixar seus gabinetes e ir ao encontro de crianças e adolescentes que usam crack.
A experiência começou no serviço da prefeitura, onde estão internados 33 jovens com menos de 18 anos. Aos servidores da justiça se juntaram representantes das áreas da habitação, trabalho, assistência social e saúde.
“Geralmente, juiz tem um trabalho muito solitário. Ele decide sozinho. Aqui, eu decido com todos. Não é só a visão do Judiciário, é a visão de todos. Eu imagino que, com isso, o adolescente e a criança saem melhor atendidos”, diz o juiz Iasin Issa Ahmed.
O caso discutido foi o de uma jovem usuária de crack internada há cinco meses. A mãe, que ela não via há sete meses, foi encontrada e levada para o local. “Ela vai sair daqui para uma residência terapêutica, onde ela deve permanecer por ordem judicial. Nós estamos querendo agora correr atrás de demanda ao invés de a demanda vir ao nosso encontro”, afirma o desembargador Antonio Carlos Malheiros.
Fonte: Jornal Nacional de 24 de março de 2012.
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