domingo, 21 de agosto de 2011

Rede de tratamento de Santo Ângelo é avaliada por Subcomissão contra o Crack

A sexta audiência pública da Subcomissão contra o Crack, ocorrida na última sexta-feira, 19, em Santo Ângelo, mostrou uma rede de atendimento e de tratamento bem estruturada se comparada a outras cidades já visitadas, mas ainda com vagas em número inferior ao avanço do quadro da dependência química na região. A avaliação é da relatora da subcomissão, deputada Miriam Marroni (PT), que, além da reunião com comunidade e especialistas, conheceu o trabalho desenvolvido por comunidade terapêutica local.

A abertura da audiência contou com a presença do prefeito de Santo Ângelo, Eduardo Loureiro (PDT), que relatou iniciativas do poder público municipal na constituição de um sistema de atendimento aos dependentes químicos. “Trabalhamos os três níveis - prevenção, tratamento e repressão - a partir da integração dos poderes públicos. Conseguimos avançar muito com esta aproximação”, destacou o prefeito. No Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPs AD), são mais de cem atendimentos mensais, nas modalidades de intensivo, semi-intensivo e não intensivo.

Os casos são avaliados por uma equipe de 25 servidores, em uma rotina de dez horas diárias, sem dia fixo para triagem, de modo a facilitar o acesso ao tratamento, conforme a coordenadora da unidade, Rosângela Saragoza. “Sem a família, a gente não consegue sucesso e o usuário não supera o problema”, alerta Zaragoza. Além da estrutura do CAPs AD, o município possui 13 vagas pelo SUS no Hospital Santo Ângelo, em que o paciente fica por no máximo 15 dias para desintoxicação.

Também a Coordenadora Regional de Saúde Mental, Heloísa Pilon, destacou a importância da rede existente, mas lamentou a freqüência de decisões judiciais pró-internação em hospitais psiquiátricos. “Na maioria das vezes, os hospitais apresentam lotação esgotada, forçando o paciente a longa espera pelo leito e ao risco da reincidência no vício”, lamentou Pilon. Já o presidente da subseção local da OAB, Paulo Leal, destacou iniciativa legal, tomada por solicitação da entidade, de trocar a denominação do crack por “pedra da morte” em todos os documentos públicos. “Esta medida atua no inconsciente, pois reconhecemos na palavra craque aquele que é bom no que faz. É importante essa transformação de valores”, sustentou.

Recuperação – Pela manhã, a deputada visitou a Centro de Reabilitação Social e Beneficente Evangélico SOS Vida, entidade que desde 1998 desenvolve trabalho de recuperação de dependentes químicos e alcoolistas. Segundo o presidente do centro, José Ricardo Ferreira, a capacidade chega a 60 residentes, com estrutura suficiente para abrigar até 90, por período mínimo de três meses e máximo de nove. O público é oriundo de diversas regiões do estado e é atendido por equipe interdisciplinar formada por 27 profissionais, reforçada por estagiários de Psicologia, Enfermagem e Serviço Social e voluntários.

O SOS Vida surgiu de ação de um ex-dependente químico, hoje diretor da entidade. Alivindo Faganello criou, em 1997, grupo de ajuda mútua que rapidamente se transformou em comunidade terapêutica. A SOS Vida abriga pacientes do sexo masculino, com no mínimo 12 anos, sem idade máxima para acolhimento.

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